Por Mónica Fonseca
Pergunta Clínica
Qual a avaliação e tratamento recomendados no Síndrome do Ovário Poliquístico (SOP), com base na melhor evidência disponível e experiência clínica?
A Reter
Orientação clínica com colaboração internacional, baseada na evidência disponível, incluindo 166 recomendações e aspectos a ter em conta na nossa prática clínica. São abordadas e priorizadas questões relevantes para a promoção de cuidados de saúde mais consistentes e rigorosos com o objetivo de garantir a prestação de cuidados mais individualizados e satisfatórios para as utentes. As principais recomendações estão descritas na secção “Quais são os resultados?”.
Qual a relevância dessa pergunta?
SOP é a endocrinopatia mais frequente em mulheres em idade fértil. As orientações anteriores apresentam limitações e inconsistências que colocam em causa o melhor seguimento e satisfação destas utentes.
Quem financiou?
Australian National Health and Medical Research Council of Australia (NHMRC) European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE) e American Society for Reproductive Medicine (ASRM).
Que tipo de perguntas faz este estudo?
Orientação Clínica (guideline).
Quais são os Resultados (Recomendações e Força de recomendação)?
As orientações clínicas existentes até esta publicação evidenciam a ausência de metodologia rigorosa e robustez no que se refere à evidência. Por outro lado, carecem de uma perspectiva multidisciplinar desejável nesta patologia. O diagnóstico de SOP permanece controverso e a avaliação/plano de seguimento clínico desta patologia são inconsistentes e as necessidades. Com este orientação clínica, verifica-se que a evidência disponível corresponde a baixa-moderada qualidade. Nela constam 31 recomendações baseadas em evidência, 59 recomendações clínicas de consenso e 76 aspectos a ter em conta na prática clínica. As principais diferenças relativamente às orientações disponíveis, incluem: critérios diagnósticos individuais com foco na melhoria da precisão do diagnóstico; importância da redução de testes desnecessários; aumentar o foco na educação, na modificação do estilo de vida, no bem-estar emocional e na qualidade de vida; ênfase numa prática clínica baseada em evidência na gestão da infertilidade. Deixamos em tabela um resumo das principais recomendações:

Como posso aplicar os resultados aos meus doentes?
É possível reproduzir a intervenção estudada no meu contexto de trabalho, tendo sido considerados todos os resultados clinicamente importantes para o doente. Para as recomendações fortes, existe concordância entre o nível de prova científica e a força de recomendação atribuída. Para as recomendações fracas, de certa forma, a informação que é fornecida promove a tomada de decisão partilhada.
Referência Bibliográfica
Teede, Helena J., et al. «Recommendations from the International Evidence-Based Guideline for the Assessment and Management of Polycystic Ovary Syndrome†‡». Human Reproduction, vol. 33, n. 9, Setembro de 2018, pp.1602–18. DOI.org (Crossref), doi:10.1093/humrep/dey256
Atendendo à existência de múltiplas recomendações, para mais detalhe, consideramos mais pertinente a consulta da Tabela III do artigo (disponível em https://www.fertstert.org/article/S0015-0282(18)30400-X/pdf pp.368-377), que se encontra organizada em: Rastreio, diagnóstico e avaliação de risco de comorbilidades ao longo do ciclo de vida; Prevalência, avaliação, diagnóstico e tratamento de patologia mental e impacto da doença na qualidade de vida; Eficácia das intervenções no estilo de vida e princípios a ter em conta no tratamento farmacológico da doença; Avaliação e tratamento da infertilidade.